Relato de parto

MATERNITUDES

3/21/20252 min read

"Eu sempre desejei ser mãe. Eu desejei a descoberta, o gestar, a barriga, o parto, o filho e o maternar.

Minha reação a descoberta da gravidez foi exatamente como eu não previ: eu senti uma paz infinita, silenciei e sorri. Na sequência, uma plenitude nunca imaginada. Minha gravidez foi tão tranquila quanto é possível ser. Eu amei estar grávida!

Tão forte quanto o desejo de me tornar mãe, era o desejo de parir. Eu queria SABER o que é isso. A bióloga que me habita sempre confiou que um processo tão bem desenhado pela evolução, e muito mais eficiente do que muitos médicos fazem parecer, seria o melhor pro meu corpo. Infelizmente não foi o melhor pra minha mente.

Eu me preparei muito para o parto. Me informei, contratei equipe alinhada com meu desejo de ter o parto mais natural possível, fiz pilates, fisioterapia pélvica e hidroginástica. Conversei comigo mesma diversas vezes sobre a possibilidade de não acontecer como o planejado e fui sabendo que não seria fácil. E foi gigante!

Tive pródromos prolongados que iniciaram numa terça-feira e quase não me deram sossego até o início da fase ativa do parto, na sexta-feira, e que também foi enorme. A privação de sono e o cansaço extremo me levaram a pedir anestesia. Eu conhecia as consequências do meu pedido. Meu trabalho de parto se arrastou, mais intervenções foram necessárias e a exaustão tomou conta de mim. As dores das contrações me atravessavam de um jeito que se tornaram desespero. Eu pedi pela cesárea.

A minha sensação foi que eu dei tudo o que eu tinha, mais do que eu tinha, e que não foi o suficiente. Passou da conta. Eu nunca imaginei que poderia ser difícil a ponto de que, naquele momento, conhecer o meu filho não importaria mais.

O Henrique nasceu no sábado, dia 12/08/2023 as 03:21hrs, através de uma cesárea solicitada, mas não desejada. Não me arrependo. Hoje consigo pensar que foi preciso ter muita coragem pra abrir mão de algo tão importante pra mim. Se eu soubesse o quanto ir tão além dos meus limites me custaria (ainda custa), eu teria mudado de rota antes.

Felizmente hoje, pouco mais de três meses depois, consigo olhar com algum carinho para a minha história. Ter o Henrique aqui hoje é bom demais! ❤️"

O primeiro texto do meu blog não poderia ser outro. Eu escrevi ele para mim, 3 meses após o nascimento do meu filho que, na data desta postagem, já tem 1 ano e 7 meses. Eu precisava botar pra fora. Eu precisava organizar o que eu sentia. Desabafar. Três meses foi o tempo que eu precisei pra lidar minimamente com a minha história, e conseguir falar sobre o que aconteceu. Antes disso eu odiei cada vez que me perguntaram sobre o parto. Depois disso continuou doendo, e ainda dói.

Segue meu relato: